Sérgio Camargo
(1930 - 1990)
Sérgio Camargo (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1930 - idem, 1990). Escultor. Considerado um dos mais originais artistas brasileiros ligados à vertente construtiva, destaca-se por explorar os limites da forma ao realizar cortes audaciosos nos materiais, em um procedimento por ele denominado “geometria empírica”. Embora tenha contato com trabalhos da vertente construtiva desde o início da carreira, Sérgio Camargo desenvolve uma obra independente e pessoal, sem filiar-se a qualquer grupo ou movimento. Durante dois anos (1946-1948), estuda na Academia Altamira, em Buenos Aires, onde é orientado pelos artistas argentinos Emilio Pettoruti (1892-1971) e Lucio Fontana (1899-1968). Lá, interessa-se pelo construtivismo da Argentina. Parte para Paris em 1948, onde estuda a obra do escultor romeno Constantin Brancusi (1876-1957) e faz um curso de filosofia na Sorbonne. Nesse período, familiariza-se com as esculturas de Georges Vantongerloo (1886-1965) e Henri Laurens (1885-1954). De volta ao Brasil, produz em 1954 suas primeiras esculturas figurativas de bronze, nas quais já se evidenciam a preocupação com o volume das obras e a potência dos cortes que ordenam as massas, qualidades fundamentais de seus trabalhos posteriores. Novamente em Paris (1961), frequenta o curso de sociologia da arte ministrado por Pierre Francastel (1905-1970), na École Pratique des Hautes Études, e faz experimentações com gesso, areia e tecido, criando estruturas informes e irregulares. A possibilidade de combinar, de modo coerente e conciso, um número restrito de volumes geométricos (cilindros, cubos, retângulos), sem prestar contas a uma racionalidade didática, confere ao método de Camargo um caráter experimental permanente ao longo de sua obra. Tal experimentalismo, guardadas as devidas diferenças, coloca-o ao lado de artistas como Lygia Clark (1920-1988), Mira Schendel (1919-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980). Mesmo orientada pelo princípio construtivo da coerência e da lucidez integrais, a obra de Camargo não abandona o páthos de aventura característico da lírica moderna, como também observa Ronaldo Brito. Num período em que se acredita no esgotamento da inovação e no qual se defende a superação do legado moderno, Sérgio Camargo inaugura uma trajetória em que a relação conflituosa, mas sempre atenta, com uma tradição preexistente gera uma produção inovadora e singular.