Tunga
(1952 - 2016)
Antonio José de Barros Carvalho e Mello Mourão (Palmares, Pernambuco, 1952 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016). Escultor, desenhista e artista performático. Torna os objetos utilizados em suas obras elementos de performance, criando analogias entre corpo e escultura. Filho do poeta e escritor Gerardo Melo Mourão (1917-2007) e de Léa de Barros (1922-?), retratada no quadro As Gêmeas (1940), do pintor Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), convive desde cedo com a literatura e com as artes plásticas, experiências que marcam sua formação. Nos objetos e esculturas, as formas e materiais se entrelaçam, em analogia à cópula, atualizando a proposta dos surrealistas de que, nos poemas e obras, as palavras fariam amor. Segundo o crítico inglês Guy Brett (1942), por meio da imersão na matéria e no mundo físico, Tunga estabelece “uma surpreendente e inesperada analogia ou ponto de encontro entre energias ‘esculturais’ e as do corpo humano. Ao construir sua obra, Tunga opera no cruzamento entre objeto, performance e texto. Suas esculturas constroem narrativas, das quais os textos são componentes. Além disso, os objetos utilizados em performances figuram como agentes detonadores de processos. Mesmo em espaços expositivos, os objetos assumem dimensão performática, como resíduos ou dejetos de determinada ação deixados no ambiente. O artista chama esses objetos de “instaurações”, uma imbricação entre as categorias artísticas de “ação” – pertencente ao universo da performance e do teatro – e “instalação” – objetos montados em espaço expositivo –, de modo a incluí-los como parte da experiência artística.